sábado, 20 de dezembro de 2008

Capítulo 2 - Amizades

Meses se passaram depois daquela estranha noite. Todas as madrugadas o garoto escutava as tais vozes, que o ensinavam diversas coisas estranhas e tenebrosas. Ele se sentia diferente agora. Sentia-se mais forte e inteligente e com isso, seria capaz de mudar o ambiente ao seu redor. Primeiro passo: Começar a se defender.
Um novo ano iniciava-se e muitas crianças novas entraram na escola vindas de outras cidades. Mortis entrou em sua sala e sentou-se na última carteira no canto da sala como de costume. Ficou observando os colegas de sala já conhecidos e depois começou a olhar os novos. Não viu nada de interessante, apenas uma garota com longos cabelos loiros presos em uma trança. Olhos azuis e aparentava um jeito tímido de ser, pois apenas observava os outros de maneira acanhada. Mortis a ficou observando por um tempo, até que foi surpreendido por uma voz ao seu lado dizendo: “Eu também a achei bem bonita.”
Mortis olhou para o lado surpreso e viu um garoto sentado na cadeira do lado. Olhos negros e um cabelo curto preto. Ele olhava para a mesma garota que Mortis observava. O garoto depois olha para Mortis, que agora olhava para frente. O garoto então diz: “Andei observando os outros garotos dessa sala e só vi idiotas. Você parece ser um cara interessante, começando com a sua aparência avermelhada, mas isso não é problema, para falar a verdade é bem legal até.”
Mortis olhou para o garoto surpreso. Era a primeira pessoa da escola a não falar que ele era uma aberração ou algo do gênero. Mortis então perguntou num tom baixo: “Qual o seu nome?”
O garoto olhou para ele e disse:”Me chamo Lunion.”
Mortis: “Lunion! Bem, o meu nome é...”
Lunion: “Mortis, eu sei.”
Mortis ficou espantado. Ele pensou: “Ele não é um garoto qualquer. Quem será ele?”
Lunion num sorriso misterioso, diz: “Eu sei de muitas coisas. Caso você precise de respostas, sempre as encontrará ao vir até mim. Bem, agora prestemos atenção nessa aula pois ela aparenta ser bem interessante.”
Mortis ficou observando o garoto desconfiado, mas algo lhe dizia que ele poderia confiar nele.
Depois de algumas horas, um sino tocou dizendo a todos que a hora do lanche chegara. Todos se levantaram e se encaminharam para fora da sala. Mortis era sempre o último a sair. Ele começou a caminhar pelo corredor lotado de pessoas, querendo chegar ao pátio, onde poderia ficar mais a vontade sozinho. No meio do trajeto, ele esbarrou na pior pessoa que daria. Ele se virou para se desculpar, e deu de cara com Robert.
O grande garoto da um sorriso e diz: “Ora, quem temos aqui? Se não é o meu grande amigo Mortis. Estava te procurando baixinho. Temos um encontro no banheiro com o Jason e não podemos nos atrasar.”
Robert segura fortemente o braço de Mortis e começa a puxá-lo até o banheiro, mas logo para porque Mortis consegue se soltar.
O garoto de 13 anos se vira irritado para Mortis e diz: “O que pensa que está fazendo? Quer apanhar aqui mesmo?”
Mortis: “Dessa vez eu não vou. Estou cansado disso. Todo dia e sempre a mesma coisa. Vocês me batem e me humilham. De agora em diante, as coisas vão mudar, e não serei mais eu que irei chorar.”
Todos no corredor olham para ele, que disse isso bem alto. Encostada na parede estava à garota loira de sua sala, que ele estava observando. Ela ficou olhando para o pequeno garoto apreensiva com o que aconteceria com ele. Quando ela chegou ao colégio, a primeira pessoa que lhe chamou a atenção foi ele. Tanto pelo fato dele ter cabelo e olhos vermelhos, como também dele ficar sozinho e possuir uma expressão triste no olhar. Ela tinha um espírito muito bom, e sempre que podia, ajudava os outros a superar seus problemas e quando ela o viu, teve a vontade de ser sua amiga para ajudá-lo e ainda queria isso.
Uma roda se fez ao redor dos dois garotos e Robert agora se preparava para começar o que ele mais sabia fazer, brigar. Mortis apenas olhava para Robert num tom sério. Não estava com medo, nem triste. Estava determinado a acabar com aquela injustiça.
Robert se preparou para a investida, então ouviu uma voz atrás dele dizendo: “O seu grande escroto, porque não procura alguém do seu tamanho?”
Robert se virou curioso para saber quem serio o louco que falara isso para ele, e se deparou com Lunion.
O grande garoto olhou para o garoto de cabelos negros e diz: “Escuta aqui baixinho, você falou isso para mim?”
Lunion da um sorriso irônico e diz: “Ta vendo mais algum escroto por aqui?”
Todos começaram a rir, deixando Robert ainda mais irritado. Ele ergueu seu punho para bater no garoto insolente mas logo abaixou sua mão quando uma garota entrou na frente de Lunion. A mesma garota loira estava entre os garotos, então disse encarando Robert: “Deveria ter vergonha de querer bater neles. Você começou tudo isso, então é melhor você parar!”
Mortis ficou observando a garota admirado com tamanha coragem da pequena, ao se meter na frente de Robert.
Robert disse: “Escuta aqui, só porque você é menina, isso não vai me impedir de te bater.”
O garoto ergue seu punho mais uma vez, e o investe contra o rosto da garota, mas então algo acontece.
A garota tinha fechado seus olhos assustada esperando o soco, então nada acontece. Ela ouve algo cair, então abre um dos olhos, e vê Robert no chão, chorando com a mão no rosto. No chão, uma maçã se encontrava rachada ao meio. Todo mundo olhava uma garota de olhos azuis e cabelo preto que se encontrava perto da porta do banheiro feminino.
Lunion começou a olhar para Robert e então começou a rir.
Mortis olhou para a garota morena, que o olhava também. A garota loira abriu os dois olhos e deu uns passos para trás, até ficar do lado de Lunion, que ainda ria. Ela perguntou: “O que aconteceu?”
Lunion segurando o riso diz: “Aquela garota jogou uma maçã na cara do idiota. Foi lindo, pena que você perdeu.”
A doce garota diz: “Nossa, isso deve ter machucado.”
Lunion: “Vai ficar uma marca bem feia amanhã. Bem, você foi muito corajosa sabia?”
Garota: “Ahhhh, eu nunca gostei de injustiças. Não podia ficar parada vendo isso.”
Lunion: “Entendo. E a senhorita tem nome?”
Garota: “Me chamo Lúcia, prazer.”
Lunion: “O prazer é todo nosso. Me chamo Lunion e esse é meu amigo, Mortis.”
Mortis ainda olhava para a garota, que entrou no banheiro.
Alguém no final do corredor gritou que o diretor estava vindo, então o pânico foi geral. Todos saíram correndo para suas salas o mais rápido possível, deixando apenas Robert caído no chão e uma maçã feita aos pedaços.
Mortis, Lunion e Lúcia voltaram para sala e sentaram nas carteiras do fundo. Lunion diz: “Mortis, você deve se preparar, porque tenho certeza que ele tentará te pegar amanhã.”
Mortis: “Eu estarei preparado para quando ele vir.”
Lúcia indignada diz: “Mortis, você não pode brigar com ele. Você vai acabar se machucando.”
O garoto olha a garota preocupada sem entender muito a razão daquilo. Então, ele pergunta: “E que diferença faz? Se eu vivo ou se eu morro, as pessoas não ligam.”
Lúcia: “Lógico que ligam. Eu ligo, Lunion liga.”
Lunion: “Mesmo a gente não se conhecendo, não queremos o seu mal. Você é inocente, por isso deve ficar ileso nisso tudo. Há outras maneiras de resolver isso.”
Mortis olha para os dois, e depois de pensar um pouco diz: “Agradeço a preocupação, mas vocês não entendem. Apanhei dele durante um ano inteiro, e isso tem que acabar. Tudo o que eu sangrei, tudo o que eu apanhei irá voltar em dobro para ele...”
Lúcia: “Não diga isso!”
Lunion: “Você não pode desejar o mal para os outros. Isso sempre acaba voltando.”
Mortis se levanta irritado e diz: “Que todo o mal volte para mim, mas amanhã Robert chorará sangue e me pedirá perdão na frente de todos.”
O garoto sai andando, até se retirar da sala.
Lúcia fica preocupada e diz: “A gente precisa impedi-lo. Isso não vai dar certo.”
Lunion: “A raiva dele é justificável, mas concordo com você, que isso não irá dar certo. Mas só me responda uma coisa. Porque você está tão preocupada com o bem estar dele?”
Lúcia ficando um pouco vermelha diz encabulada: “Eu tenho pena dele. Ele parece ser alguém tão triste. Não gosto de ver ninguém assim, por isso eu faço o possível para ajuda-lo.”
Lunion: “Entendo e concordo. Vamos pensar então no que faremos a respeito disso.”
No corredor vazio Mortis caminhava sem rumo. Estava irritado. Em sua mente, pensava: “Eles não entendem o que eu sinto. Falar é fácil. Não sofreram como eu sofri. Mas amanhã, isso acabara. Colocarei aquele garoto arrogante no lugar dele. No chão, ou talvez embaixo dele.”
Mortis virou o corredor e se deparou frente a frente com a garota de cabelo preto que tacara a maçã em Robert.
Mortis ficou um tanto corado e logo deu alguns passos para trás, dizendo: “Sinto muito.”
A garota apenas olhava para ele. Era muito bonita. Os grandes olhos azuis escondiam o que havia por trás da aparência dócil da garota. Ela tinha se mudado para a casa de sua avó, pois seus pais haviam morrido de uma doença contagiosa. Isso abalou e muito a menina, transformando ela em alguém bem revoltada. Depois de se magoar muito, ela se tornou muito orgulhosa e egoísta. Tudo que ela queria ela conseguia, sendo por meios corretos ou por meios baixos e sujos. Por ser muito bonita, conseguia manipular as pessoas com extrema facilidade e se safar dos problemas. Para uma garota de nove anos, ela já era muito esperta e uma mestra em arranjar confusão.
A garota deu um sorrisinho para Mortis. Este ficando ainda mais vermelho abaixou o rosto e passou pela garota, mas logo parou quando ela disse: “Esse é o prêmio que eu mereço por ter salvado a sua pele daquele brutamonte?”
Mortis ainda de costas diz: “Ah, e o que tenho a te oferecer?”
A garota vai até ele e começa a passar o dedo nas costas do garoto, o deixando todo arrepiado. Em seguida, diz: “Primeiro, gostaria de saber o seu nome.”
O garoto ainda de costas responde: “Me chamo Mortis.”
A garota da um sorriso e depois fala: “Mortis, é um nome bem diferente. Bem, o meu nome é Suri.”
Mortis: “Ah, é um prazer te conhecer. Bem, agora eu tenho que ir.”
Mortis continuou a caminhar, mas logo chamaram sua atenção, dizendo: “Você não vai a lugar nenhum!”
Mortis e Suri se viraram, então viram Jason a uns dez metros de distância.
Suri: “Olha, o namorado do outro bundão.”
Jason olhou irritado para Suri, dizendo: “Eu sua pivete, é melhor você ficar de boca fechada, se não quiser se machucar.”
Suri: “Deixa de ser ridículo, garoto. Um lixo como você não relaria um dedo em mim, e sabe por quê?”
Jason curioso pergunta: “Ah é. Por quê?”
Suri abraça o braço de Mortis e diz: “Porque ele vai me proteger!”
Mortis da um pulo assustado.
Jason começa a rir e diz: “Esse meio quilo vai te proteger. Isso eu quero ver.”
Jason começa a correr na direção do casal. Mortis olha para Suri que agora estava atrás dele.
Ela diz: “Vai lá, xuxu. Pega ele!”
Mortis se vendo na obrigação de defender ele e a garota idiota, corre na direção do atacante.
Enquanto corria, ele se lembrou do que aprendeu com as vozes em sua mente.

O verdadeiro guerreiro não é aquele que sabe atacar
E sim aquele que sabe se defender
Preveja o ataque do inimigo
E contra ataque no ponto mais vulnerável de seu oponente
E a vitória te pertencerá


Jason ergueu seu punho e o investiu contra o rosto de Mortis. O pequeno garoto viu o soco vindo em sua direção, então se abaixou. O braço de jason passou por cima de sua cabeça. Mortis rapidamente procurou o ponto mais vulnerável do inimigo, e encontrou. As costelas. O garoto fechou seu punho com força e bateu brutalmente nas costelas de Jason. Seu punho se chocou fortemente contra o corpo de seu oponente, que logo após soltou um grito de dor e caiu no chão. Mortis pela primeira vez colocou o que aprendera em prática. Funcionara perfeitamente. Ele pode ver a fraqueza do inimigo, os movimentos. Esse era o início, e começara muito bem.
Jason estava chorando no chão com os braços abraçados em seu corpo. Talvez tivesse quebrado uma costela ou duas, mas isso não importava.
Suri dava pulos de felicidade e veio correndo na direção de Mortis, mas parou no meio do caminho e deu um chute em Jason, que gemeu de dor. A garota veio até Mortis e o abraçou, dizendo: “Você foi incrível. No começou eu achei que você fosse um fracote, mas estava enganada. Obrigado por me salvar.”
A garota da um beijo na bochecha do garoto, deixando ele extremamente corado e logo segura a mão dele, dizendo: “É melhor a gente sair daqui, porque logo vão ver o presunto no chão e vai sobrar pra gente.”
Os dois saem correndo e viram o corredor.
Em toda a sua vida, Mortis nunca fez sequer um amigo, nem conversou com ninguém, mas hoje havia sido diferente.As coisas mudaram. Onde só havia dor e sofrimento, agora talvez haja esperança para aproveitar os próximos anos de sua infância sombria. Para isso, terá apoio de seus novos conhecidos, que podem ser chamados de amigos. Os primeiros, mas que farão grande diferença na vida escura desse menino nascido para matar.

Um comentário:

  1. Iron, valeu pelos elogios, você também escreve muito bem, tomara que continue assim.
    Por mim tudo bem em ajudar a divulgar o seu blog.
    Tomara que algum dia possamos nos encontrar para conversar melhor.
    Como ja disse, achei sua historia fascinante e vou acompanha-la ate o fim

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